terça-feira, 8 de novembro de 2011

November Rain

Novembro era um mês estranho, tudo acontecia nele, nem sempre eram surpresas agradáveis, ela apoiou-se em sua bengala feita de carvalho e foi até aquele antigo armário, tirou uma chave de bronze e bem gasta pelo tempo, ela encaixou perfeitamente naquele armário com estranhos detalhes emoldurados.
A chuva caía lentamente e a sensação de vazio era desesperadora, ela pegou a única coisa que aquele armário guardava, um casaco de lã que há muito estava desbotado e o vestiu, ainda servia perfeitamente em seu corpo, deu uma olhada no espelho e reparou que mesmo depois de anos, aquela vestimenta cabia perfeitamente em seu corpo. Era uma pena, porque as rugas da idade já contornavam todo o seu rosto, seus olhos tinham um brilho maternal, seus lábios guardavam os mistérios das anciãs e suas mãos, ah, suas mãos guardavam a sabedoria, a sabedoria de seus ancestrais. Uma pontada de saudade preencheu todo o seu peito, ela dá uma última olhada no espelho e deixa as lágrimas caírem pelo seu rosto. Sua mente dizia sempre as mesmas palavras: “O caminho das sacerdotisas é árduo e sozinho”. A hora chegara, a Deusa chamava Hécate de volta para o seu útero.

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