terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Reconstrução self(iana)

Se todos os Deuses são apenas a manifestação de uma luz viva maior, por que eles brigam entre si?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

(Cu)eldade

Uma sereia em alto mar, disseram os marinheiros. Foi tudo culpa da sereia, ela nos enfeitiçou e com sua mortal voz ordenou as nossas loucuras! Não sei do que fiz e nego tudo, elas são ardilosas e podem dominar a raça humana. O vinho que tomei era de álcool puro, ela me forçava a beber e beber e beber. Dionísio confirma minha história, a loucura dos meus atos, se é que de fato houve loucuras, pois nego a todos, foram causadas por aquela voz cruel que assumia as mais variadas formas. Comecei com um corpo delineado, seios fartos e quando acordei, era um de meus colegas ao meu lado. Nego todo o acontecido!

Relatos de um marinheiro que não assumia a orgia dos navios.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Despedida carinhosa aos animais de estimação.



ORAÇÃO
Descanse nos braços amorosos da Mãe Natureza.
Que ela acolha o seu corpo e acalente a sua alma na morte,
como em vida você foi amado e acolhido.
Você passou por todas as estações da vida.
Na primavera, era um filhotinho,
cheio de vida, energia e curiosidade,
e foi crescendo dia após dia.
No verão, chegou à juventude,
explorando, brincando e aprendendo;
aprendeu a amar sua família humana
e a se adaptar aos ritmos da vida.
Dos dias quentes de verão
ao frescor e amadurecimento do outono,
você foi nosso amado amigo e companhia.
Fiel em seu amor, verdadeiro em seu coração, leal na sua amizade;
ofereceu a todos nós amor incondicional
e nos protegeu de todos os perigos.
Um dia o inverno chegou.
Os seus passos foram ficando mais lentos,
com a idade, o seu amor se sublimou.
Tornou-se mais puro, mais maduro,
mais precioso.
Agora o inverno acabou, meu amiguinho.
Precisamos libertá-lo para que encontre
outra primavera.
Que a sua alma se eleve e encontre os braços amorosos da Natureza.
Que os espíritos do Fogo iluminem o seu caminho nesta nova jornada.
Que os Espíritos do Ar o acompanhem com uma canção alegre.
Que os Espíritos da Terra o libertem das areias do tempo .
E que os Espíritos da Água suavizem a sua transição.
Que as forças da divindade abrandem a dor do nosso coração
e nos ajudem a nos adaptar à sua ausência.
Que a sua alma possa ser livre
E brilhar com as estrelas no céu.
Se você ainda sofre com o apego aos amores terrenos,
Saiba que estamos bem,pode descansar o seu Espírito.
Quando a sua alma estiver renovada,
Você adquirirá uma nova forma
E voltará a compartilhar o seu amor com a sua família.
Nosso coração e nossas portas
sempre estarão abertos para você,
caso escolha um dia voltar.
Abençoado seja.




Extraído e adaptado de "Pet Memorials", de Elizabeth Hazel, Llewellyn's 2008, Witches Companion.

Desespero efêmero.

Assim como um desespero, a vida é efêmera.
Sabemos aproveitar o que nos foi presenteado, sim. Mas não sabemos perder o presente.
Somos eternamente gotas prestes a cair de uma mesa. Um copo de humanos derramados em uma vasta mesa de bar divino. Sempre prestes a cair, mas segurando até o último momento, antes que venha um atrás de você e o empurre para o vazio.
O que está depois do vazio? Mais uma mesa ou apenas a escuridão?

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Uma vez me disseram que a vida era bela. Também já me mostraram sonhos tão impossíveis quanto contar as areias de uma praia. É um ponto de vista de Perséfone, dentro do submundo eu encontro o doce sabor da romã, fora existe o desespero de não saber o que me aguarda lá embaixo. Será que vale a pena comer da romã? Como sangue em correria ela te preenche.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Luz

Seria perda de tempo informar os detalhes! A lua brilhava, quase minguando. O círculo permanecia quente, mas meu interior congelara, minha força havia sido sugada para a Terra. Meu sangue a alimentava e eu esperava meu fim, finalmente seria novamente o Senhor do submundo, a espera da promessa final! Ela sorria pra mim, agora Ela tinha forças pra suportar, minha energia era sua energia, meu sangue era seu sangue. Minha vida era sua... Dei a vida e voltei ao começo de tudo, seu útero de luz e renascimento.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Teoria do Caos


Mandei torcer folhas de troncos no jardim do caos
As folhas caíram diante do pedestal
O branco do mármore queimava meus olhos
O vermelho escorria por entre suas mãos
O sangue caía por seus olhos
A multidão aplaudia o show de horrores
Seus olhos não mentiam
Mas quem conseguia enxergar?
Cada um com o próprio sangue no olho
Tampando a visão real
Irreal
Risadas que te machucam
Onde está a graça da dor?
Está no jardim do caos.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Falta de ar

Como água-viva flutuando no ar
Agarrado fora do seu lugar
Flutuando como se não houvesse amanhã
Ou pior, como se houvesse
O desespero vem depois do pensamento
A solidão de flutuar te causa calafrio
O temor é mais forte

Como água-vida flutuando no céu
Espero algo que faça ser visto
A visão do céu é maior daqui
Do que de lá de cima
É a visão das estrelas.

sexta-feira, 15 de março de 2013

GreenWoman


Eu sou o verde das matas
Sou a luz que tira a dor
Minha é a terra da esperança
Onde a luz verde atravessa a alma
Te liberta, te cura e te acalma
Pois veja, a floresta viva é verde
Os brotos também o são, prontos pra mais uma jornada

O começo da cura é aceitação
Veja seu interior e aceite sua essência
Faça a lua banhar sua escuridão
E traga raios prateados para a sua mão
Cristais de cura o purificarão
E seres de luz o ajudarão
Seja eterno no amor
Este é o meu dom.
Bençãos da Deusa da cura.

sábado, 9 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

Leito


Tudo aconteceu antes da lua aparecer
Seu ódio intenso e sua exaustão eterna
Guardavam sua forca e seu túmulo
Seu leito esbranquiçado e tênue
Fizeram suas lágrimas virarem papoulas
Uma sombra na noite
Uma flor no crepúsculo
Seus olhos estão nas flores
Suas mãos estão nos galhos
Sua doce melodia ecoa na brisa fresca
E aqueles odiosos gritos
Estão grudados nos gritos dele
Seus gritos estão presos no salgueiro
Dentro de seu leito esbranquiçado
Sua imagem morreu com o tempo
Seus cabelos são o jardim
Seus pés sob as rosas
Sua maior lei é o florescer de um botão
Seus gritos
Meus gritos.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Ninféia



Haviam três ninfas naquele enorme lago, Sirona, Sibele e Serena. Sirona vivia com a cabeça nas estrelas, sempre olhando pro céu a espera de algo maior. Sibele era mais severa, brincava pouco e era a mais linda das três. Serena era a mais nova e a mais agitada, o oposto de seu nome. Todas possuíam uma beleza transcendental e uma voz mágica e encantadora, suas risadas faziam os rios pararem com seus eternos borbulhares pra poderem escutar mais atentamente aquele som divino e feliz.
Os séculos passaram e nada mudou, o lago que elas habitavam já não cabia mais cadáveres, milhares de homens que se afogaram com o som intenso da voz das ninfas. Agora aquele lago era um lugar fétido e com corpos em decomposição. As ninfas, como eram seres mágicos, não sentiam o cheiro forte de putrefação do local. Em pleno século XXI o lago foi fechado e o local foi considerado área de risco de afogamento. As ninfas sem entenderem nada, ficaram sozinhas e mudaram de lago. Mais mortes em outro lugar, mais risco de afogamento pras autoridades.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Vazio.



Ela estava completamente nua e sentia frio. Suas lágrimas escorriam por seu rosto e caíam naquele chão de barro. Ela estava tão acostumada com a escuridão, que as sombras do ambiente já lhe eram amigáveis. Toda noite ela deitava, depois de ser abusada e cortada, perto de uma pequena poça de água e chorava até dormir. Sua pele coberta de sangue já não era a mesma de três anos atrás, não havia mais bochechas rosadas, apenas profundas olheiras, era praticamente osso e carne.
Ela não sabia o que havia feito, não entendia como estava ali. Mais uma vez eles entraram, dessa vez não levaram pedaços de sua pele, arrancaram seus olhos e a jogaram lá novamente, ela sentia tanta dor que não conseguia pensar, uma dor tão intensa que a fez apagar. Acordou envolta em uma neblina, sua pele estava fantasmagoricamente branca, seus olhos viam tudo mais nítido, mais colorido e mais... sinistro.
Ela relembrou de tudo e ficou em choque, como poderia enxergar sendo que não tinha mais olhos? Viu que havia um espelho perto e deu um grito ao ver que no lugar de seus olhos, havia dois grandes buracos. Ela não tinha olhos. Acordou do choque e não enxergou nada, só sentia a dor e o sangue escorrendo pelo buraco de seus antigos olhos... Deitou e esperou, ela não demorou chegar, deu um beijo em seu rosto e a levou consigo, levou pra longe dos olhos famintos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Cristália

Ametista caminhava por aquela caverna havia tempo demais, não conseguia encontrar a saída e nem o fim da escuridão. Suas roupas roxas emitiam uma breve e vacilante luz que a ajudava a andar por ali. Lá ela conheceu o senhor Cristal, tão antigo e preso ali há mais tempo que ela. Tropeçou em cima da madame Diamante, uma peça rara daquela escuridão. Cruzou olhares com o conde Citrino, rico e fino que ele só. Depois de tantos encontros e desencontros ela viu uma luz vindo do alto e um pedaço de metal arrancar-lhe da escuridão, foi torturada, quebrada e lapidada, prendeu-se em um pingente, junto com a Prata, uma metida que ela não suportava. Da escuridão pra ficar no coração de uma efêmera mortal.
-Mas meu senhor, não está com calor?
-O unico calor que sinto é de meu amor
-Mas e sua saúde, dizem que seu coração só tem rancor
-Eu já passei da fase da dor
-Mas é um caos esse seu ardor
-Caos é sua ignorância sem pudor
-Não seja tão bravo, senhor
-Não seja tão ouvinte alheio, pastor
-Ok, fique com seu calor do ardor
-Eu ficarei com a cor do amor.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Lixo aéreo

Um ponto no meio de tudo. Uma mísera alma na multidão destruidora. Eles podem sentir você caminhando no ar e podem fazer você achar que é completo. Eles que não são nem luz e nem sombras, que vivem pra isso, pra pequenos prazeres efêmeros e vazios de sentimentos. No gole da primeira cerveja, na risada de uma piada sem graça, em beijos de dúzias de pessoas que já beijaram outras dúzias de pessoas naquela noite. Nem todos os veem, nem todos os sentem, mas eles interferem em todos. Não é só porque não os vê que não possa existir. Eles não estão em um beijo apaixonado, ou no choro de despedida. Eles não aparecem quando você termina um projeto novo, quando faz uma viagem pra relaxar. O que você faz é o que você atrai.

Gaia

Ela entrou em seu quarto quase que em transe, trancou a porta e suspirou fundo. Lentamente suas roupas foram caindo, seu corpo foi ficando leve, quase como se fosse feita de neblina, sua respiração era quase imperceptível. Seus passos, mais silenciosos que os dos gatos, saltitavam pelo quarto em espirais unidas ao corpo. Ela dançava lentamente, com sorrisos e olhadas pro nada.
O nada que ela olhava era tudo que a completava.
Observei-a durante muito tempo, pura felicidade irradiada na forma de dança, leve e intensa, firme e flexível. Quantas risadas, quanta música e quanta pureza. Ela não dançava sozinha, ela dançava com as batidas da Terra.

Tintura

Seu corpo tremia de excitação e medo. Poderiam ser pegos, vidas em risco? Não, apenas memórias em risco. Arriscar um futuro incerto do que um presente petrificado é algo tolo e perigoso. Mas eles eram, queriam e desejavam. Saíram do cinza e foram pro colorido. Confusão, cores, misturas, dores, dramas, felicidades, músicas que te expressam. O colorido era demais, as cores eram demais, deitaram-se e fizeram a cor da vida escorrer, pularam pelos corredores e chegaram tarde demais. Cores de rio vermelho sangue corriam por seus pulsos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Isobel

Isobel levantou-se e arrumou, era mais um dia, com mais uma oportunidade de se apaixonar, passou o seu melhor perfume e usou seu vestido favorito. Foi ao trabalho, recebeu elogios de como estava linda, trabalhou, andou, fez suas obrigações diárias e voltou pra casa.
Sem amores, sem felicidade e sem sentir-se completa. Chorou até dormir.
Isobel levantou-se e arrumou, era mais um dia, com mais uma oportunidade de se apaixonar, passou o seu melhor perfume e usou seu vestido favorito...
E foi assim todos os dias de sua vida, sem perceber que o amor estava dentro dela. Morreu triste, sozinha e com poucos amigos, nunca teve um amor e nunca sofreu por amor. Isobel caiu aqui e morreu aqui, sem grandes esperanças.