segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alice clichê

Eu esperava encontrar o coelho ali, mas não sabia se ele iria demorar.
Então continuei o meu caminho, com ou sem relógio, sem companhia visível... visível para os humanos, pois as invisíveis eram tão visíveis pelos meus olhos que chegava até a confundir o real do imaginário.
Uma hora o caminho foi bloqueado, não sabia ao certo o que era ou como sair, só sabia que não conseguia continuar. Havia risadas e mágoas, tão visíveis ao meu redor que cheguei a perder a visão, só conseguia sentir o terror... E então ele apareceu!
Sua voz espantou aquelas horripilantes criaturas, mesmo assim o caminho parecia bloqueado. Estava acorrentado? Talvez, mas não por correntes de ferro, e sim por emoções trancafiadas durante estações. Elas estavam tão presentes, tão intensas, que a única coisa que consegui fazer foi deixar lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Ele viu, ele não podia deixar isso acontecer e me abraçou! Seu abraço apertado me aqueceu, sua voz em meus ouvidos era tão suave e linda que conseguiu me tirar do frenesi de emoções maléficas. Eu queria ficar ali, queria morrer naqueles braços eternos e aconchegantes. Ele me soltou e eu continuei o meu caminho, até encontrar aquela toca...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O livro de Gaia.

Andava por aquele corredor antigo, o papel de parede estava descolando e as teias de aranha reinavam no teto. Andava lentamente e mesmo assim meus pés faziam um barulho capaz de acordar qualquer um. Entrei naquele cômodo e uma lareira estava acesa, sentei em uma poltrona vermelha e empoeirada, não importava mais, aquilo era transcendental já.
Um livro antiquado, com capa marrom e folhas amareladas aparece em meu colo, abro-o e começo a ler, ler, ler...
Um dragão vermelho sái da lareira e transforma-se em uma mulher poderosa e deslumbrante, com uma aura puramente vermelha, puramente fogo. Ela me olha com aqueles olhos selvagens e indomavés e quando falou sua voz dominou todo o aposento:
-Nenhum humano pode ler esse livro, você terá que morrer!
E no momento exato que ela iria me matar, aparece uma mulher pela porta. Ela irradiava luz branca, uma energia calma e explosiva, um frenesi. Ela fala, sua voz era como o sussurro dos ventos em uma floresta, como um lago cristalino em uma noite de lua cheia:
-Não, você não o matará, volte pra sua casa!
A mulher-dragão encolhe-se toda com a força de Gaia e volta pra lareira, a mulher-de-luz chega perto de mim e com um suspiro a casa desaparece.