domingo, 14 de dezembro de 2014

Avalon


A neblina sempre fez com que eu nunca avistasse o caminho, mas eu sabia que ele me levaria até lá em segurança, ele que fazia parte dessa magia que os mortais não suportam, ele que está presente em todas as histórias e que todos insistem em dizer que ele é lenda, ele que é um unicórnio, o ser mais puro que existe e um dos poucos que conseguem te levar de uma ilha para outra, ou então te levar até lá. Nunca consegui entender porque, mas sei que lá é minha casa, meus pés, sempre descalços para sentir a terra molhada, minhas mãos prontas para lançar bênçãos em tudo o que toca, a vida pulsa aqui. Avalon sempre foi misteriosa, seu caminho é secreto para os humanos, porém, alguns tem permissão para ir, os filhos de Avalon. Você não vai até Avalon, você retorna para Avalon.
Venha sentir os poderes do vento, a ilha das sereias, aprender com os sapos, sentir os pântanos, viajar pela ilha dos cristais, viajar pelos nove reinos e aprender com as Deusas e os Deuses feéricos. E, ao final de sua jornada, ganhe um doce abraço de Aine, a rainha das fadas.

sábado, 27 de setembro de 2014

Flores de Ostara



Aine sorriu e acenou,
Sua força manifestava-se em seu vestido brilhante e dourado, quase um segundo sol. Suas mãos tocavam-no e tudo naquele quarto tornou-se dourado.
- Dourado é a cor da proteção que cura, Ela disse.
Enquanto o quarto era banhado em cores de ouro, as pessoas recebiam as curas a partir da voz de Aine que manifestava-se pela boca dele, Ela dizia e eles escutavam. Ela sabia.
E ao final de tudo, o porta-voz recebeu o mais doce obrigado da Deusa-Fada. Um obrigado que cura.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Nunca tive amores eternos ou coisas assim. Sempre esperei que algo acontecesse e percebi que é tudo tão líquido que escorre pelos meus dedos. Não consigo pegar o amor, nem segurar em minhas mãos. Mas consigo passar seu cabelo por entre meus dedos e sei como prender o cheiro do seu perfume dentro do meu nariz. Não consigo ver o amor, mas consigo ver o tom castanho de seus olhos. Não sei amar, mas sei te abraçar. Nunca conheci o amor, só sinônimos.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Agradecimento ao inverno


Vem inverno,
Lá fora pode estar frio, nublado e triste.
Mas em casa, ah, em casa
Eu tenho o aconchego de corações quentes
Xícaras de café
Lareiras maiores que o céu, mas que cabem dentro de um coração

Vem inverno,
Lá fora o sol é triste e frio.
Mas na minha casa, não
Na minha casa o sol está nos olhares
Nas conversas nos quartos
Envoltos em calor materno
E felicidade eterna

Vem inverno,
Dentro dos corações você não entra,

Obrigado, inverno,
Por mostrar que o calor dos corações
É necessário pra viver.

sábado, 17 de maio de 2014

Gravidade

Briguei com a Gravidade, uma moça chata e metida, que não nos larga e não nos deixa crescer. Se as plantas crescem para alcançar a luz solar, por que nós também não crescemos para alcançar a luz? A luz das estrelas, do sol, do céu... astronautas de estrelas.
Dona Gravidade sempre nos puxa, tem medo de a abandonarmos e sumirmos na imensidão do céu. É uma mãe coruja mesmo. Mas ela é uma mãe que abre exceções: ela deixa seus filhos aéreos baterem asas, seus filhos humanos criarem mecanismos de voo, ela deixa vivermos em ilusão, porque no fim é ela quem vai nos manter dentro da terra.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Águardente

É tão triste pensar que sou humano, que você é humano, que somos humanos. Perdemos o significado de ser humano, perdemos a nossa profundidade de água. Hoje somos copos d'água. Quero meu oceano de volta, com tubarões e perigos, mas também com ilhas que me abrigam e plantas que me alimentam. É tão difícil perceber a banalidade de ser mais um copo com água? Tão previsível e fácil de evaporar.

Um dia serei água, serei mar, serei orvalho. Não me importarei em ser humano, estarei focado na minha profundidade, minha intensidade, meus mistérios. Um dia serei água-viva, água que vive e molda, onda.

E sonho, sonho com águas, águas que são sonoras, águas audíveis.

Sou águardente, que queima e muda, modifica, emociona. Choro, rio, canto. Água ar, ar.

Sairemos da estabilidade, nos moldaremos e nos incrementaremos ao mar, ar.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sei que estou gastando meu tempo, um tempo que não volta mais. Mas também sei que aproveito o tempo que gasto, rio do que passei e choro com o que não consegui fazer, perdi. Respiro fundo e caio no abismo, nunca saí de lá, na verdade. A vida é escura e estamos em constante queda. A gravidade nos faz cair, a idade nos faz cair, o cabelo cai, a unha cai... Então por que nós também não estamos caindo? Vivemos no abismo, no fim e no início sempre. É tudo escuro e as vezes esbarramos em outras pessoas que estão na mesma queda. Criamos casas, sonhos, puro frenesi. Mas o que nos espera no fim do abismo? O fim ou apenas outra queda?

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Gênero.

Ele é ela.
Ela é eu.
Eu sou homem, mas sou ela.
Ela é feminina mas é máscula.
Ele mia.
Ela late.
Ele é linda e bicha.
Ela é maravilhoso e sapata.
Ele é esquerda e ela é direita.
Elxs não tem gênero.
Elx desconstrói.
Elx muda.
Elx versus elx.
Liberté, egalité, fraternité.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Homenagem.



Era como as estrelas, eu sabia de seu potencial e seu brilho incandescente, mas não podia tocar. Eram poemas que sentia sem ler, leveza da brisa que não me tocava, desejos de sentir que não teria. Se for possível sentir a distância, a maior prova era ele. Sabia como era o seu sorriso, mesmo sem nunca tê-lo visto. Vivemos em um mundo de grandes estrelas iluminadas, sabemos que elas existem, sabemos que brilham, só não sabemos como podemos tê-las.
Sonho com o dia que serei astronauta de estrelas, capturando-as e recebendo seu brilho com carinho. Mas sei que o sonho é o oposto do medo, tenho medo de chegar tão próximo e me cegar com tamanha magnitude, medo de ser egoísta e querer seu brilho só pra mim, medo de me apaixonar. Sonho, sonho com brilhos e sonho de sonhar. Os sonhos iluminados são mais fortes que os medos, sei que tenho medos profundos.
Sei que tenho sonhos capazes de preencher a lacuna que os medos trazem.
Sei que sonho.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

exposição.


As lágrimas escorriam pelo rosto daquele garoto, ele sabia que era um idiota por chorar, depois de tantos anos como ele ainda não era forte¿ Ele havia criado barreiras de ferro ao seu redor, esquecendo-se que o ferro enferruja com as lágrimas.
Ele fechava os olhos e conseguia ver todas as cores, ele sentia o Amor em seu mundo, em sua vida. Mas ele não sentia o Amor ali, não naquele momento. Levantou-se e saiu, andava descoordenadamente pela cidade escura, nem os sapatos havia calçado, ele era o chão. Ninguém o percebera, ninguém o notara, ninguém sabia.
Parou bruscamente quando seus pés tocaram algo gélido, olhou pro chão e viu a grama banhada no mais puro orvalho, pequenas gotas prateadas iluminadas pela luz da lua cheia. Em um surto psicótico de prazer ele entrou, todo o arco-íris interior que ele enxergava apenas dentro de si agora encobria o mundo ao seu redor. O Amor é só uma questão de enxergar. Olhos para enxergar, olhos para sentir, olhos pra ser.

Névoa

O essencial é perceber a magnitude do que não podemos alcançar. Ser estrela é fácil, o impossível é alcançar a lua. Estar no topo todos podem estar, o que ninguém sabe é ser árvore.

Quão grande eu sou¿ Quão grande você é¿


A condição mortal da limitação física, ser finito em corpo e infinito em alma. Mas se minha alma algum dia foi criada, não sou infinito, tive início e terei fim. Sou parte daquele que não está no tempo, então sou fim de alma e início de não ser. Penso, logo existo. Não penso, logo evaporo.