sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Cadê?

As vezes quando falta inspiração, mas você quer escrever
O que podemos fazer?
Sei lá, talvez olhar pro além
Quem sabe dentro de ninguém
Talvez escrever demais pode cansar
E sem inspiração tudo pode piorar
Quero escrever um texto zen
Mas me falta inspiração, ah nem
Desisto de tentar escrever, vou partir
Adeus pra você, adeus sem rir.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tênue



Tão flutuante quanto folhas ao vento
Cansado desse eterno tormento
Transformei em folhas no rio
Talvez congele com o frio
Petrificarei
Pararei
Renascerei
Rei.

Biografia.



Que saudades eu tenho daquela época, ali era chamado de ventre da Mãe, rios sem fim, colinas que tocavam o céu e estrelas que engoliam toda a dor do mundo.
Eu fui obrigado a aceitar meu destino e sair daquele lugar, meu lar. Fui enviado pelos sábios e deveria proteger o ventre e a antiga sabedoria. Chorei de medo, mas ali todos me conheciam por Luz, eu sabia que levaria Luz onde quer que eu fosse.
Até hoje sinto o vazio de ter abandonado, por conta do destino, o ventre. Já caminhei tanto e percebo que continuarei andando, existem muitos seres que precisam de Luz.
Hoje a energia que habito chama-se Ronan,a prova de que a Luz também existe nas sombras. Eu sou, eu fui e eu infelizmente voltarei, até que o destino me dê o prazer de rever o ventre.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alice clichê

Eu esperava encontrar o coelho ali, mas não sabia se ele iria demorar.
Então continuei o meu caminho, com ou sem relógio, sem companhia visível... visível para os humanos, pois as invisíveis eram tão visíveis pelos meus olhos que chegava até a confundir o real do imaginário.
Uma hora o caminho foi bloqueado, não sabia ao certo o que era ou como sair, só sabia que não conseguia continuar. Havia risadas e mágoas, tão visíveis ao meu redor que cheguei a perder a visão, só conseguia sentir o terror... E então ele apareceu!
Sua voz espantou aquelas horripilantes criaturas, mesmo assim o caminho parecia bloqueado. Estava acorrentado? Talvez, mas não por correntes de ferro, e sim por emoções trancafiadas durante estações. Elas estavam tão presentes, tão intensas, que a única coisa que consegui fazer foi deixar lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Ele viu, ele não podia deixar isso acontecer e me abraçou! Seu abraço apertado me aqueceu, sua voz em meus ouvidos era tão suave e linda que conseguiu me tirar do frenesi de emoções maléficas. Eu queria ficar ali, queria morrer naqueles braços eternos e aconchegantes. Ele me soltou e eu continuei o meu caminho, até encontrar aquela toca...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O livro de Gaia.

Andava por aquele corredor antigo, o papel de parede estava descolando e as teias de aranha reinavam no teto. Andava lentamente e mesmo assim meus pés faziam um barulho capaz de acordar qualquer um. Entrei naquele cômodo e uma lareira estava acesa, sentei em uma poltrona vermelha e empoeirada, não importava mais, aquilo era transcendental já.
Um livro antiquado, com capa marrom e folhas amareladas aparece em meu colo, abro-o e começo a ler, ler, ler...
Um dragão vermelho sái da lareira e transforma-se em uma mulher poderosa e deslumbrante, com uma aura puramente vermelha, puramente fogo. Ela me olha com aqueles olhos selvagens e indomavés e quando falou sua voz dominou todo o aposento:
-Nenhum humano pode ler esse livro, você terá que morrer!
E no momento exato que ela iria me matar, aparece uma mulher pela porta. Ela irradiava luz branca, uma energia calma e explosiva, um frenesi. Ela fala, sua voz era como o sussurro dos ventos em uma floresta, como um lago cristalino em uma noite de lua cheia:
-Não, você não o matará, volte pra sua casa!
A mulher-dragão encolhe-se toda com a força de Gaia e volta pra lareira, a mulher-de-luz chega perto de mim e com um suspiro a casa desaparece.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Água



Aquele temido deserto fazia os homens preferirem a morte. Poucos se arriscavam e ninguém sobrevivia. Uma vez um garoto tentou atravessar, antes de chegar ao meio do caminho ele desistiu e voltou. Agora ele havia crescido, seu olhar continha a mesma bravura de quando era garoto e ele estava mais uma vez olhando pro deserto. Será que ele tentaria atravessar mais uma vez¿ O que ele não sabia é que quando garoto, ele havia danificado o deserto. Agora que ele voltara, o deserto tinha medo de perder seus cactos novamente. Havia muito tempo que ninguém tentava atravessá-lo. A Lua brilhava e o cheiro de chuva invadia o ar, será que aquele deserto seria uma floresta novamente¿ Tudo dependia daquele garoto...

Transforme.



Quando Boudicca deu seu grito de guerra e ergueu a lança, ela tornara-se a Grande Rainha.
Quando eu gritei e ergui a grande bandeira do meu país, eu me tornei o povo. Em um piscar de olhos já não existia o Ronan, existia apenas uma frase em minha cabeça, “somos todos um”. Toda a energia tornara-se uma só grande massa de poder cósmico com um único objetivo, fazer a Dilma vetar!
Lembro de poucas coisas, apenas memórias fragmentadas. O que sei é que compreendi a força que o povo tem. Também percebi que quando você se deixa levar pela energia do lugar, você pode fazer a diferença!
Fechei os olhos e me transformei, os gritos em perfeito uníssono ressoavam pela cidade e eu só queria gritar, queria mudar!
Qual a diferença entre eu e Boudicca¿ nenhuma. Lutamos por nossos ideais e pra salvar nosso povo, salvar o futuro.
Lute, ouse, faça valer à pena, sempre ouviu isso em livros. Agora é hora de agir!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ventre



Ali dentro estava tão quente, um calor maternal ocupava cada partícula do meu ser, queria ficar ali, deitado e encolhido eternamente. De repente meu corpo começou a crescer, eu não queria continuar, queria ficar quentinho eternamente, mas aquela mesma energia que me acolheu, agora obrigava-me a expandir. Mães...
Fui crescendo, ainda dentro dela e não tinha vontade de sair, quando eu assusto, uma luz enorme invade meu corpo e me aquece. Senti força, vigor e mais vontade de viver. Fui crescendo feliz, as vezes meu caminho parecia difícil e que eu morreria a qualquer momento, fui tão frágil e tão delicado no começo. Crescer me ensinou a ficar mais forte a cada dia. E então algo inesperado acontece, pássaros faziam ninhos em meus galhos, quadrúpedes comiam meus frutos, minha sombra abrigava os cansados. Eu havia entendido o significado de largar o ventre e crescer...

domingo, 22 de abril de 2012

Morte simbólica


Seus pés sangravam, seu corpo suava e sua respiração estava ofegante. Ele havia atravessado correntezas, vendavais, terremotos e desertos. Agora estava ali, parado em frente aquela enorme muralha de pedra e não sabia como continuar o seu caminho. Andara de um lado para o outro e a muralha não tinha fim, também não podia escalar, pois ela parecia ser mais alta do que o próprio céu.
O céu estava escuro e de repente todas as suas feridas começaram a latejar, agora que não sabia como prosseguir, prestava atenção ao seu corpo e sua dor. Enquanto perseguia seu objetivo, não reparava no cansaço, apenas em conseguir. Agora que não tinha como continuar, sua busca parecia perdida. Lágrimas escorreram pelo seu rosto e sua voz interior parecia morta. E não tinha como voltar, não tinha como mudar ou apagar. Encostou no muro, respirou fundo e com um último suspiro, ele pediu ajuda, ajuda pra Deusa.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Útero


Avistei seu brilho e corri pra abraçá-la. O vento brincava com os seu cabelos e o sol irradiava sua pele. Sua pele morena irradiava puro amor maternal. Sentia seu olhar em cada ponto daquele lugar, ela não estava apenas a minha frente, estava em tudo. Continuei olhando pra sua forma física, no centro daquela clareira, e de repente fecho os olhos, conseguia sentir sua presença em todos os cantos daquele lugar. O farfalhar dos ventos me dizia o que fazer, ainda de olhos fechados, começo a dançar e rodopiar, leves rajadas de vento brincavam com meu cabelo, pequenas partículas de orvalho abençoavam meus pés e doces risadas compunham a sintonia da minha dança. Dancei até cair ao chão, raízes começaram a aparecer e me levar pra dentro da Terra, dentro do útero D'Ela. Eu não sentia medo, apenas conforto. Abro os olhos e percebo que tinha voltado pra Ela, eu era o universo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

21:21


O sorriso corado e o silêncio esperado. A senhora levantou e caminhou até a janela, acendeu seu cigarro e tragou como se fosse a coisa mais deliciosa do mundo todo.
Sua pele já não era a mesma de 40 anos atrás, seu rosto enrugado mostrava as montanhas que ela havia percorrido e suas vitórias conquistadas.
Decifrar aquele olhar era algo insuportavelmente impossível, mas prazeroso. Que terríveis guerras havia ali dentro¿ Hoje aquele olhar parecia distante, perdido em décadas de ouro, roupas coloridas e juventude transviada. Olhou pela janela e corou novamente, seu olhar agora era o mesmo de uma garota de 15 anos, totalmente decifrável e esperado. Era o olhar de quem se apaixona novamente, em segredo.

Minha eterna busca.


Andava por um corredor estreito, havia buracos e umidade. O cheiro de destruição era evidente em cada canto daquele lugar, não havia amigos, sentimentos, luz.

 A travessia era difícil, cada vez mais íngreme. Depois de tanto suor, tanta lágrima e tanto cansaço chego a uma porta de pura prata, sabia que lá dentro era a morada da Deusa e quando vejo essa porta volto correndo, atravesso os buracos, corro pro oposto. Não podia entrar ali, perderia tudo do meu caminho, meus amigos, minhas vidas, meu universo.
Agora sabia onde era a morada da Deusa. Também sabia que se por aquela porta eu entrasse, tudo acabaria. Chegaria ao fim das vidas.
Corri, corri, mas quando desejar voltar, sei onde encontrar aquela porta.




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Garota interrompida


Quando vai ser possível diagnosticar a verdadeira loucura?
Se eu tento me matar e fracasso, sou internado e os “psiquiatras” diagnosticam que eu tenho comportamento bipolar. Se eu mato uma pessoa e fracasso, sou julgado e vou preso por tempo indeterminado. Qual é o nível aceitável de loucura? Se eu tomo remédios tarja preta porque tenho depressão, continuo em casa até tentar o suicídio. Se matei porque tomo remédio, vou para uma clínica.
Viver em uma clínica pra se sentir livre da opressão, mas sentir a pressão e ser julgado ao sair da clínica, o que você quer da sociedade e o que a sociedade pode oferecer?
Seja normal, é a frase mais genérica que você vai ouvir.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Mulheres-peixe

Hoje completava noventa luas fora de casa. Aquele pensamento fez seus olhos arderem, o desejo de retornar era tão intenso, tão potente... Não, ele afastou aquele pensamento, era muita tortura pra mais um sol. Retornou a caminhada pela Terra sem nuvens, sua missão havia sido decidida pelas Estrelas e nem o sábio de Gaia mais poderoso poderia fazer algo a seu favor, estava decidido. Chegou até a margem de um rio cristalino e ouviu o canto das mulheres-peixe o deixou em um longo estado de transe, ao voltar ao normal percebeu que havia caminhado muito e nem percebeu, o cansaço havia desaparecido também. Pegou seu punhal e fez um pequeno corte embaixo de seu dedão e deixou cair três gotas do seu sangue em agradecimento as mulheres-peixe, pelo seu canto encantador e revigorante.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dance pra Ela

Cavalgando em lobos de prata eu a vejo
Dance pra Ela, dança assim, veja-a
A loba é solta e o fogo é preso
Dance a ilusão vivida de cada dia
Estonteante visão grita a liberdade
O peito entende e a lágrima cái
O sentimento é percebido e a gratidão aparece
O amor da noite invade os sonhos pagãos
As filhas das trevas dançam e a honram
Dance pra Ela, veja-a, assim dança.