quarta-feira, 12 de abril de 2017

Caetano corria pelas ruas da cidade, estava escuro e alguns postes não estavam acesos, os poucos com alguma luminosidade da região não paravam de piscar.
Alguém o perseguia, não alguém, algo.
Ele sentia a sombra da criatura chegar mais perto, seu coração estava acelerado e ele não sabia de onde vinha a força pra continuar correndo, apenas corria. As ruas estavam desertas, como ele odiava a madrugada, como ele odiava trabalhar em um local longe de tudo, uma cidade de indústrias e casas escassas. 
Parou  no portão de uma grande empresa, bateu o interfone incessantemente, mas não obteve resposta, ao olhar pra trás os grandes olhos cor púrpura fitavam-no intensamente.

Acordou na escuridão, não enxergava nada. Na verdade, enxergava tudo em púrpura. 
- Piaf via a vida em rosa, eu vejo em roxo - ele riu.
Tateou o chão e as paredes, tentou encontrar alguma porta, alguma saída e tudo foi em vão. 

Caetano era o monstro.
Caetano era humano.