sexta-feira, 16 de maio de 2014

Águardente

É tão triste pensar que sou humano, que você é humano, que somos humanos. Perdemos o significado de ser humano, perdemos a nossa profundidade de água. Hoje somos copos d'água. Quero meu oceano de volta, com tubarões e perigos, mas também com ilhas que me abrigam e plantas que me alimentam. É tão difícil perceber a banalidade de ser mais um copo com água? Tão previsível e fácil de evaporar.

Um dia serei água, serei mar, serei orvalho. Não me importarei em ser humano, estarei focado na minha profundidade, minha intensidade, meus mistérios. Um dia serei água-viva, água que vive e molda, onda.

E sonho, sonho com águas, águas que são sonoras, águas audíveis.

Sou águardente, que queima e muda, modifica, emociona. Choro, rio, canto. Água ar, ar.

Sairemos da estabilidade, nos moldaremos e nos incrementaremos ao mar, ar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário