segunda-feira, 13 de março de 2023

sangue sagrado

 


Ele andava como um animal pela mata, aprendera a sentir e confiar em seu olfato – a mata conversava com ele através dos aromas. Tal qual um bicho feito de instintos, sua pele ouriçava com o vento que tocava sua nuca. Um arrepio se faz em seu corpo, ao longe algum animal uiva desesperadamente, ele sente os dedos dos seus pés tentarem cavar a terra, em uma tentativa animalesca de criar raízes e se proteger dos perigos. Quais?

Ele não desiste e continua andando para algum lugar, ele sabia onde parar. ele sabia onde parar. ele sabia onde parar. ele sabia onde parar?

Alguns pássaros noturnos o encaravam fixamente, a sensação de frio não abandonava o seu corpo, o que mais ele poderia fazer? Esperar a noite passar não era uma opção, nunca foi. Era o dia correto na noite perfeita para fazer o que precisava. Não posso desistir agora, ele disse.

Andava devagar por conta da escuridão, a pouca luz que tinha não era suficiente para iluminar o caminho. Tropeço, uma pedra escorregadia que não vira o faz ficar com os pés sangrando.

- meu pé sangrando é sagrado, disse pra si mesmo.

Seu maior incômodo eram as teias de aranha invisíveis, ele caminhava um pouco e parecia que sempre tinha uma teia na altura do seu rosto.

Seus olhos arregalam quando encontra o que precisava encontrar: uma árvore retorcida que parecia a porta mágica para algum lugar.

Ele atravessa para a morte.

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