quarta-feira, 1 de abril de 2015

Viagem

Podem dizer que sou chato, metido e fresco. Mas não é qualquer um que viaja comigo, não aceito qualquer tipo de pessoa nas minhas viagens. Fujo daquelas pessoas que se denominam normais. Como viajar com alguém que não gira como as nuvens? Não quero alguém que dê passos retos, gosto de sinuosidades, de pessoas que andam de forma orgânica, como se pisassem em algodão doce. Aliás, gosto de comprar algodão doce pra sentir derreter o céu da boca. E de colocar algodão nas nuvens. Ou de ver nuvens rosas, laranjas, verdes. Achou tudo isso loucura demais? Então não está apto pras minhas aventuras.
Quero pessoas que dancem ao ver uma bela paisagem, ou que se encantem com uma borboleta voando. Não quero tons de cinza nas minhas viagens, já basta relevar que você foi ao cinema assistir 50 tons de cinza. Gosto do colorido, do que se mostra, do que não é discreto.
Se quer me agradar em uma viagem, mostre-me a cor do miolo de uma flor ou uma joaninha na grama. Não quero alguém que repara em lojas de shoppping, quero olhares pra fora, pra vida, pras rugas do tempo. Também não quero pudores, minhas viagens podem ser amigáveis ou regadas com sexo em todos os lugares, no carro, na rua, no parque. Porque fugir de uma cama também é interessante.
Ah, também detesto quem tem nojo. Abraço animais que vejo na rua e peço pra levar todos pra casa, alimento animais com o mesmo garfo que almoço. Ainda quer continuar a viagem? Porque vou querer passear pelas ruas e fugir dos locais turísticos. Quero abraçar e ser a cidade, não apenas conhecer.
Então, quem me compra um jardim com flores?

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